A força do tempo e a evolução tecnológica calaram, desde há muito, o trote dos equinos que chegavam e partiam do Rossio aveirense e que se faziam ecoar ali nas águas do Canal Central. Talvez os cagaréus já tenham esquecido que as originais funções do Rossio aveirense, entretanto deram lugar a outras mais nobres, nomeadamente as de icónico jardim urbano e central da cidade de Aveiro. Um lugar propício ao encontro, convívio e estadas prolongadas, e já dono dos melhores índices de atratividade da cidade, em muito devidos ao conforto térmico e cénico conferido pelas frondosas palmeiras, pelas abundantes árvores e arbustos, e pelas suas sombras que se projetam sobre os fastuosos relvados, veludos verdes que convidam aveirense e visitantes a deitar-se e deleitar-se embalados pela incessante brisa perfumada a maresia das águas da Ria, tão dominante, tão presente. Forças vivas desta terra ambicionam, porém, mudar tão icástico postal. Os tempos modernos parecem querer fazer reavivar à força a memória aos aveirenses, contrariando os paradigmas urbanísticos do futuro, e trazendo o antigo terreiro de volta, espaço amplo que se destinava aos viajantes deixarem os seus cavalos, machos, mulas e burros convenientemente atados, enquanto seguiam para a cidade aos seus negócios. Simplificando a imagem, o rossio está para os cavalos de antigamente como os parques de estacionamento estão atualmente para os automóveis.
Talvez tudo não passe de um simples trote que se queira passar aos aveirenses, provação para que estes saibam verdadeiramente valorizar o que já está bem feito, preservando o legado, o seu património, e dirigindo antes as novas sinergias para onde, ainda tudo ou quase tudo está por fazer, na envolvente próxima, do outro lado do canal, na zona da Lota, na Cidade, no Concelho – sem nunca esquecer a urbanidade fustigada e degradada das ruas nas freguesias periféricas, industriais e rurais.
Serão os aveirenses tão nostálgicos ao ponto de querer trocar o identitário jardim aveirense pelo árido terreiro há muito desaparecido, espaço igual a tantos outros de outras cidades para outro tipo de trote ou para equinos mais modernos? Eis a questão!
Serão os aveirenses tão nostálgicos ao ponto de querer trocar o identitário jardim aveirense pelo árido terreiro há muito desaparecido, espaço igual a tantos outros de outras cidades para outro tipo de trote ou para equinos mais modernos? Eis a questão!
É com esperança redobrada no futuro e com orgulho neste grande jornal da nossa terra – o Diário de Aveiro - que mais uma vez vemos a cidade depositar-lhe a sua confiança! O apurado sentido da informação isenta e a sua grande capacidade de dar voz a tamanha diversidade de opiniões, é contributo ímpar para o envolvimento dos cidadãos na reflexão e discussão das grandes questões da cidade de Aveiro e da região. Uma uma cidade bem informada e mais participada será certamente uma cidade mais competente, mais consensual, mais inclusiva e, por fim, melhor construída.